sexta-feira, 17 de junho de 2011

Presentear crianças com livros. Por que não?

“Um bom livro infantil é um livro que faz todos, adultos e crianças, pensarem. Mas o mais importante é que as crianças estejam sempre em contato com as obras. Quanto mais livros as crianças lerem, maior será a capacidade delas de escolha e de comparação”
Peter Hunt

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Em agosto li no Jornal O Globo uma pesquisa onde se perguntava:
- Como você estimula a leitura de seus filhos?

As respostas, cinco ao todo, foram escolhidas pelos 684 internautas na seguinte ordem: leva a bibliotecas e livrarias (30,41%), lê toda noite para ele (28,07%), deixa rolar (21,49%), desliga a TV (10,67%) e obriga a ler (9,37%).

Eu retiraria o último e acrescentaria um item: oferecer livros como presente aos seus filhos. E fazer deste presente algo que tenha um valor especial, tão especial quanto um brinquedo muito desejado, um presente que diverte e encanta. O único senão deste presente é que ele precisa da companhia de um adulto para ser realmente apreciado.

É que para as crianças o que conta é a presença de alguém para compartilhar. Tenho dois meninos em casa, mas como ninguém brinca com eles de carrinho, estes são peças de coleção aqui. Coleção mesmo, pois ficam guardadinhos, lindos, numa caixa organizadora de plástico transparente. Claro, eles ganham, afinal é presente de menino, mas meus filhos só lembram quando algum amiguinho vem visitá-los e quer brincar com as pistas de hot wheels.
Vejo que em alguns lares os livros é que ficam assim, lá no cantinho, esperando alguém lembrar deles para lhes dar vida. Por este motivo é que os especialistas indicam: propicie a seu filho um ambiente em que o mundo das letras esteja presente e que possa ser referência em suas descobertas.

Mas o que isto quer dizer? Segundo a orientadora educacional da pré-escola dos meus filhos, Silvia Tolosa, é mostrar que ler e escrever são atividades úteis e divertidas. Quando Enzo estava começando a escrever sozinho, aos cinco anos, ouvi numa reunião a recomendação de que o deixasse escrever a lista de compras do mercado (que eu nunca faço) e ler receitas enquanto eu as preparasse. Meio machista, eu sei, parece que mulher só lê estas coisas, mas eu tentei. A listinha está guardada até hoje e agora ele é quem transcreve as receitas legais para o caderno de receitas, que ficou “da família”. Por conta disto, ele ficou um tempo de olho em livros de culinária nas livrarias (descobriu o excelente Receitas de Herói que tem o Buzz Lightyear na capa, com similar feminino chamado Receitas de Princesas) e aprendeu sobre os grupos de alimentos, o que o fez mudar muito a alimentação e crescer a olhos vistos. Ponto para a leitura.

Os livros devem ser assim, uma experiência prática, ativa, prazeirosa. Para mim é muito mais fácil ler vários livros para meus meninos que brincar de carrinho, mas algumas pessoas me dizem que não gostam de ler, então como ensinar para os filhos o que não se faz? Pois é, se a leitura é necessária para formar um bom aluno, um futuro bom profissional, é preciso trabalhar com o desejo de ler, que deve vir antes do hábito de ler. É preciso escolher bons livros que tratem de assuntos que interessam à criança e ao mesmo tempo não sejam totamente maçantes para os pais, que serão os tutores deles neste aprendizado. Por exemplo, se gostam de dinossauro, que seja sobre os hábitos deles; se amam carrinhos, o começo pode ser até uma revista de tunning do pai. Sempre há um bom livro que trata de um tema do interesse da criança ou de algo que aproxima a leitura da sua vida cotidiana, como livros que contam dos medos . E sempre é possível aproveitar o imenso esforço feito pelas professoras, adquirindo o hábito de ler para as crianças as estorinhas que eles trazem na memória quando chegam da aula. Rever o que o Lobo fez aos três porquinhos e perceber como seu filho reage aos conselhos contidos no livro pode ser muito instrutivo para os pais, revelador, pois se uns querem ser heróis, outros preferem o vilão.

Os livros, mesmo os mais simples, têm o poder mágico de transmitir valores com diversão (claro, mais ainda se os pais conversarem, desmembrarem, re-contextualizarem a estorinha). Já pensaram no que seus filhos fariam se entrassem na história e pudessem ajudar João e Maria a derrotar a Bruxa? As Sobrinhas da Bruxa Onilda fazem isto e com elas as crianças descobrem um papel ativo diante do status quo.

Então que tal passar a incluir um livro bem legal na sua lista de presentes aos seus pequenos?
O escritor e ilustrador mineiro Ziraldo criou polêmica ao afirmar, em entrevista à revista Crescer, edição de abril de 2006, “E por esta razão que eu digo – para criar a questão – que ler é mais importante do que estudar. No currículo escolar devia ter uma matéria chamada ‘gostar de ler’.

P.S. Aqui vão algumas dicas que podem ajudar a ensinar a gostar de ler:
• Ofereça desde cedo um acervo de livros com textos e ilustrações – uma pequena biblioteca construída e organizada com seu filho.
• Visite livrarias, faça com que tenha contato com diferentes materiais.
• Disponibilize lápis de cera, blocos de desenho para os primeiros experimentos.
• Conte-lhe, ao menos, uma pequena história diariamente.
• Folheie livros, revistas, jornais na sua presença.
• Peça que lhe conte histórias, manuseando livros, mesmo que ele não saiba ler.
• Peça que registre as histórias contadas com desenhos, palavras, frases.
• Deixe que a observe realizando alguns de seus escritos, como suas listas de compras, por exemplo. Procure fazê-las na letra de forma.
Fonte:  http://www.samshiraishi.com/presentear-com-livros/

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