segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Local propício ao bullying

Pesquisa mostra que alunos que estão abaixo ou acima do peso são mais discriminados e agredidos pelos colegas
A Educação Física é uma das disciplinas Escolares que mais atrai os estudantes, seja pelos esportes ou pela aula fora da sala e longe do quadro negro. Mas é nesse ambiente, que o bullying agressão física, moral ou psicológica pode ser reforçado entre os alunos.

Pesquisa realizada por um mestre em Educação Física aponta que o padrão de beleza propagado pela mídia determina os fracos e fortes no ambiente Escolar. Segundo Marcos Paulo de Oliveira Santos, idealizador do estudo, nas aulas práticas, devido à evidência maior do corpo, o estereótipo acaba oprimindo quem não se enquadra no perfil.

O aluno acima do peso ou bastante magro torna-se vítima da agressão. A adolescência é a faixa etária de maior vulnerabilidade. Analisar, compreender e interpretar os efeitos do bullying nessa fase são fundamentais para que a ajuda se dê de modo eficiente.

Penso que a Educação Física, ao contrário do que se possa imaginar, é rica de possibilidades para diminuir ou mesmo acabar com essa violência. Basta algumas mudanças metodológicas , afirma.

Foram aplicados questionários a 125 alunos de Escola pública. 46% deles afirmaram sofrer algum tipo de violência durante a disciplina. Segundo o estudo, a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia) classifica que o aceitável seria 5%.

MAUS TRATOS
Dentre os maus tratos mais comuns estão a ameaça (11,2%), os danos materiais (7,30%) e a exclusão dos esportes coletivos (7,2%). Os alunos da 6ª série de uma Escolapública contam que o bullying ali é normal e, ao sofrerem a agressão, o sentimento que prevalece é a humilhação.

Acho muito injusto alguém não poder jogar porque não foi escolhido pelo grupo. É triste, acho que ninguém é melhor. Todo mundo tem que participar , diz I.M., 12 anos.

Ela conta que em sua turma as agressões são frequentes. Pessoas estranhas, caladas demais, que não jogam bem ou não são populares são excluídas. Os ofendidos relatam que se sentiram mal com a agressão (20,8%), tristeza (12,8%) e não tiveram reação (10,4%).

Segundo o estudo, esses sentimentos podem levar o indivíduo à evasão Escolar, síndromes diversas, ideias suicidas e mesmo vingança. Para a estudante G.M., 12 anos, não deveria existir bullying. Todos deveriam se respeitar. Os agressores não podem se esquecer que um dia eles também podem ser uma piada ou passar pela mesma vergonha que eles fazem o colega passar , lembra.

A pesquisa mostrou que o silêncio acaba sendo a opção para quem sofre a violência. Dos entrevistados, 16,8% não contaram a ninguém. Os pais foram a opção de apenas 10,4% dos alunos, deixando para os amigos (12%) a confissão sobre a agressão.

O fenômeno bullying caracteriza-se pela violência física, moral ou psicológica praticada por uma ou mais pessoas por causas variadas. Como a Educação Física, enquanto disciplina tem por objeto o corpo, pode reforçar o bullying criando estereótipos, ou pode, também, ser uma importante ferramenta no combate a esse mal, que cresce assustadoramente na sociedade contemporânea e apresenta consequências funestas.

A pesquisa foi dividida em três frentes: agressor, vítima e espectador. Segundo o artigo, o agressor se alegra em oprimir, humilhar, subjugar os mais fracos. Também é impulsivo, vangloria-se diante da sua superioridade física e adota constantemente condutas anti-sociais.

O papel de vítima é divido em três, a saber: a vítima típica: é a pessoa que sofre constantemente agressões físicas e/ou morais. A vítima provocadora: é a pessoa que atrai ou provoca as reações agressivas para si, mas não consegue resolver a situação. A vítima agressora: é a pessoa que reproduz as agressões físicas e/ou morais sofridas. Obviamente que em indivíduos mais frágeis.

Existe ainda o espectador, que apenas assiste a tudo de maneira tácita (lei do silêncio) e não defende a vítima por medo de uma represália, nem se junta ao agressor.

A amostra desse estudo foi composta por 125 estudantes da 6ª série do ensino fundamental, sendo 59 do sexo masculino e 66 do sexo feminino, na faixa etária de 11 a 14 anos, de uma Escola pública de Taguatinga Sul.
Fonte: Jornal de Brasília

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