sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Crianças que batem


Taí uma boa polêmica: quem nunca conheceu ou ouviu falar em meio a rodas de conversas sobre crianças que vira e mexe batem nos amiguinhos sem motivo aparente? Diante do assunto, as reações dos pais são diversas. Há os que ficam com raiva da criança, os que demonstram pena. Há até mesmo os que chegam a cortar relações com os pais do pequeno agressor. A situação é complicada, pois ninguém gosta de ver o filho apanhar, e ensinar uma criança pequena a controlar seus impulsos também não é lá das tarefas mais fáceis. Enfim, por que isso acontece e como lidar com o problema?
“Bater faz parte do repertório das crianças, sobretudo das pequenas, para tentar resolver seus problemas. É um sintoma que tende a se resolver com o amadurecimento e a convivência social. Quando perdura e começa a trazer dificuldades, é hora de se perguntar o que a criança está nos falando com isso”, diz a psicóloga Ana Elizabeth Cavalcanti, da clínica CPPL.
A princípio, porém ela faz uma ressalva. “As generalizações são sempre perigosas, quando tratamos de comportamentos humanos. Embora os sintomas possam apresentar semelhanças, as motivações de cada criança são sempre singulares e para compreendê-los é preciso conhecer bem a criança, suas condições ambientais, sua família e sua história”.
Segundo a psicóloga, é preciso compreender que os sintomas apresentados pelas crianças revelam o modo como elas estão se organizando perante os problemas e exigências que a vida vai colocando. “Nesse sentido, o sintoma deve ser compreendido como uma comunicação acerca do que se passa em sua vida psíquica. Existem então os sintomas transitórios – aqueles que aparecem e desaparecem espontaneamente – e aqueles que perduram, acabando por trazer dificuldades para as crianças. Dentre tantos outros sintomas da infância, bater é um deles e deve ser tomado nesse mesmo registro, ou seja, pode ser um sintoma transitório, muito frequente entre as crianças até três anos, ou pode perdurar, o que deve nos levar a indagar o que ele está revelando acerca daquela criança. Não se trata de falta de controle da criança, mas de que ela não está conseguindo lidar com as situações de outra forma”.
Diante desse sintoma, diz Ana Elizabeth, a posição dos adultos é muito importante. “É fundamental não confundir as coisas. Primeiro, é preciso ressaltar que a criança que bate não é necessariamente um adulto agressivo ou violento em potencial. É muito comum encontramos esse tipo de fantasia por parte dos adultos, sobretudo entre aqueles que têm muita dificuldade em lidar com a agressividade. Segundo, é importante não perder de vista que a criança que bate é uma criança e não pode ser tomada no lugar de adulto. Hoje, é frequente vermos adultos completamente descontrolados diante dos filhos ou alunos que lhes bateram, ou frente a coleguinhas que bateram em seus filhos. Alguns se comportam como se estivessem frente a perigosos agressores, perdendo completamente a condição de oferecer qualquer contenção ou ajuda a essas crianças”.
Em terceiro lugar, ressalta a psicóloga, é importante compreender que quando se trata de briga de crianças, geralmente as melhores soluções vêm delas mesmas. “Portanto, muito cuidado quando tentar resolver as situações por elas, porque pode-se estar roubando-lhes grandes oportunidades de desenvolvimento e crescimento”.
Fonte: http://maesefilhos.com/criancas-que-batem/

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